Educação e comunicação são disciplinas correlatas

Educação e comunicação são disciplinas correlatas, dependentes e fundamentais à constituição da cidadania dos indivíduos. Não dá para negar também que os veículos de comunicação – e, principalmente na modernidade, as mídias sociais – interferiram e interferem efetivamente no desenvolvimento de novos modelos de processos de ensino/aprendizagem.

Como define José Manuel, em texto para o blog Educação e Comunicação, “educar para a comunicação é orientar para análises mais coerentes, complexas – completas, o que, ao mesmo tempo, ajuda a expressar relações mais ricas de sentido entre as pessoas, os grupos e a sociedade como um todo. É uma educação para novas relações simbólicas e para novas expressões do ser social, não só para análises teóricas.”

Nesse mesmo sentido, os meios de comunicação assumem um papel de extrema relevância na sociedade moderna, pois são responsáveis pela disseminação de informações que formarão opiniões, consolidarão ideias, fortalecerão imagens e/ou destruirão a reputação de alguém. Não é difícil encontrar casos de pessoas que pelo uso dos veículos de comunicação, ou mídias sociais, tiveram sua imagem denegrida. O caso da estudante de Brasília, em vídeo publicado na web foi um desses casos que geraram, muito, muito buzz.

Como educar uma geração que está exposta a todo tipo de conteúdo, em constante aceleração? Vale aqui aplicarmos os conceitos do filósofo Pierre Lévy sobre inteligência coletiva, que é o compartilhamento dos desempenhos cognitivos dos indivíduos, como memória, aprendizado, percepção. Esses elementos aliados a outros recursos tecnológicos corroboram para que este conceito se legitime. Ao passo que os grupos sociais se aglutinam em torno de algum ideal, estimulados por diversas formas de informação, esses mesmos grupos parecem se apropriar desse conceito para fazerem usos de outras práticas (ilícitas), tais como veiculação de pornografia infantil, invasão de sistemas online, entre outros.

Quando falamos em educação, certamente nos vem à mente a imagem de alguma escola ou sala de aula. Mas o que encontramos dentro dessas escolas e salas de aulas? Minha experiência como Educador Social diz que, de fato, encontramos de tudo. Desde violência, a outros tipos de manifestação social. E a violência é o elemento que mais aparece, seja como um componente de afirmação da masculinidade, para os jovens garotos, ou para delimitação de território (briga por cadeiras em sala). Analisando rapidamente os conteúdos aos quais são expostos nossos jovens, encontramos, principalmente nos veículos tradicionais (leia-se TV), um alto índice de violência, sexo e consumo.

Em artigo para a revista Comunicação & Educação, Márcia Perencin faz uma análise da produção de conteúdo veiculado na televisão brasileira, em especial conteúdos do canal Record. Se quisermos uma sociedade mais crítica, detentora de conhecimento e informação, não poderíamos, ou não deveríamos colaborar para que uma série de TV, que trata sobre violência, ou melhor, banaliza a violência, aumente seus capítulos de 16 para 23. Aí, quando chega segunda-feira, após um final de semana tranquilo, assistindo a alguns filmes, comendo um chocolate, lendo bons livros, me deparo com comentários assim: professor, o senhor assistiu ao “Força Tarefa” da semana passada, viu o último capítulo de “CSI”, assistiu à minissérie “24 horas”?

Vejo-me sem alternativas, na condição de educador. Alternativa talvez fosse usar a comunicação para outros fins; uma boa conversa, alguns textos, sugerir a diminuição do consumo da televisão etc. Quem tiver outra sugestão, por favor, me escreva. Afinal, como disse Cristovam Buarque, ilustre senador e conterrâneo: “Não há futuro sem educação”.

Amanhã na parte II, vou falar sobre “Educar para comunicar – Práticas de Conjunto e outras alternativas”.

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